Título: MEU DELEGADO
Еscritor: renata medeirosM
Classificação Temática:
Descrição do livro «MEU DELEGADO» renata medeirosM
Encolho as pernas abraçando os joelhos, apoio minhas costas contra o
azulejo frio da parede. Fecho os olhos sentindo a ardência das lágrimas que
descem por meu rosto. Só peço que pare, por favor. Mais, socos na porta me
fazem pular assustada, amedrontada.
— Por favor, por favor, pare Spencer — imploro.
— Vadia desgraçada. Abre essa porta Cindy. — Socos, e mais socos.
Sinto algo pingando, abaixo a cabeça e vejo as gotas de sangue
manchando o chão de vermelho. Deslizo a mão limpando minha boca, e a
vejo suja com as evidências de mais uma maldita noite.
— Spencer, por favor — suplico, em meio às lágrimas.
— Eu vou te matar, sua puta — grita alto.
Com um último pontapé a porta se abre. Alucinado e fora de controle,
ele entra no banheiro vindo diretamente em mim. Seus dedos enrolam em
meus cabelos e os puxam me levantando do chão. Posso ver em seus olhos
a fúria cega, e tenho certeza de que hoje será meu fim. Grito por socorro,
enquanto sou arrastada como um animal nosso quarto. Os vizinhos não se
intrometem em brigas de casais, não importa para eles se serei morta.
Debato-me tentando fugir de suas mãos, mas é inútil. Além do mais fugir
para onde? Não tenho ninguém, e ele nunca me deixaria partir com vida.
Sou suspensa no ar, e jogada na cama. Seu grande corpo por cima do
meu, me segurando presa entre ele e o colchão. Usando as pernas como
reforço, abre as minhas pernas rasgando em seguida minha calcinha.
Suplico encarando dentro dos olhos verdes, e o sorriso que nasce nos seus
lábios ao enfiar seu pau, me traz a realidade de que ele é um monstro frio e
sem coração.
Suas mãos seguram meu pescoço com força, e a cada arremetida na
minha boceta seus dedos apertam mais forte, me sufocando. Desisto de
lutar, simplesmente aceito o destino.
— Gosta assim, não é? Admite. Eu vi você olhando para o homem que
coleta o lixo. Quer ser fodida igual uma piranha. — Uma mão solta o
pescoço, e desce em direção ao rosto me esbofeteando.
Deus, por favor, acabe com isso. Acabe com isso, por favor. Sem ar,
sufocando aos poucos, pouco a pouco vou perdendo a consciência.
Quando saio na rua, ando sempre de cabeça baixa, ele que escolhe
minhas roupas, só posso sair em sua companhia, sair é quase um milagre.
Quando o conheci na faculdade, gentil, amoroso, bondoso, não fazia
ideia do tipo de pessoa que ele se tornaria. Às vezes acho que o amor me
cegou para enxergar os sinais. Ciúmes, discussões, suas mãos quando
seguravam firme meu braço, mas sempre em seguida um pedido de
desculpas com flores, e lágrimas.
E como uma tola apaixonada, aceitei seu pedido de casamento. Sempre
fui sozinha criada em lares adotivos e ter alguém cuidando de mim desse
jeito era algo maravilhoso, não podia perdê-lo. Os primeiros dias de recém-
casados foram inesquecíveis. Mas quando engravidei tudo mudou. Do dia
para noite meu príncipe encantado se tornou meu carrasco.
Em sua primeira crise me espancou a ponto de perder o bebê.
Sangrando e com fortes dores abdominais fui levada para a emergência e
como uma boa esposa devotada, contei aos médicos como tinha caído da
escada arrumando o sótão. Depois daquele dia as coisas só pioraram.
Violência sexual, agressão física, humilhação verbal.
Perdida em pensamentos, sou pega de surpresa quando Spencer gira
meu corpo me colocando de bruços e monta por cima da minha bunda.
Mordo os lábios a ponto de sangrá-los. Algo duro é enrolado em meu
pescoço e sou montada como se fosse uma égua.
Minha visão vai ficando turva, embaçada. É o meu fim.
Fecho os olhos sentindo alívio, porém uma voz ao fundo sussurra no
meu ouvido que mereço mais, que não posso acabar assim. Reúno forças
que não sabia que tinha, e decido lutar pela minha vida. O ar fugindo dos
pulmões dificultando respirar, me contorço. Distraído com seu ato de
violência, não percebe quando estico o braço até criado mudo e pego a
caneta. Tento mover o abdômen e com um momento de coragem enfio no
seu joelho.
Gritando, Spencer solta a cinta que prendia meu pescoço e rola para o
lado levando as mãos até o ferimento. Respirando fundo, pulo da cama.
— Eu vou te matar, Cindy.
Em pé, nua e sangrando. Procuro a arma que ele esconde em um
compartimento secreto atrás do nosso retrato de casamento. Por vezes fingi
estar dormindo e o vi mexendo. Talvez estivesse só esperando o momento
certo para descarregá-la em mim.
Levanto a arma em punho e miro em sua direção. Olhos que antes
tinham fúria, agora tem medo. Está com medo de mim, querido?
— Você não tem coragem de fazer isso. É só uma puta interesseira. Se
me matar, minha família vai acabar com você.
Engatilho a arma.
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